• “A alma não se rende ao desespero sem haver esgotado todas as ilusões”
  • - para um amigo virtual.

    terça-feira
    Era uma tarde quente e iluminada. Mas não para Sofia Van... Ela estava irritada. Havia passado o dia estudando para as provas da universidade. E naquele momento, ali sentada e passando o tempo na internet, ela só queria relaxar...
    Como sempre, entrou em suas redes sociais, muitas por sinal. E viu que aquele menino do skoober, que trocava mensagens com ela, havia deixado o msn. Adcionou-o, mas sem muita expectativa.
    Passou um tempo e de repente viu que lá estava ele, na lista de seus contatos. Resolveu que ia dar um oi. Achou melhor não... Mas se ia deixá-lo na sua lista, tinha que pelo menos falar, senão seria melhor mesmo era excluí-lo...
    Foi conversar com ele. Bem quieta como quem está querendo saber com que tipo de pessoa ela estava falando. Mas logo percebeu que aquele garoto era legal. Ela que nunca se acustumou a chamar alguém pelo próprio nome, logo o batizou como o gury do guaraná. E ele como se não tivesse nada melhor para fazer, a chamava de menina máscara. As vezes ela se irritava com ele, porque ele fazia questão de irritá-la. Deixava de início logo bem claro... Ele adorava mulheres bravas. Pois então havia achado a sua Deusa, porque se havia alguém que se irritava muito e rápido era Sofia Van.
    - Aonde eu consigo fazer um avatar que nem o seu ? - perguntou ele.
    - Pesquisa aí por avatar mangá, daí você faz um gratuito mas antes de você terminar você printa, não precisa se cadastrar, ok?
    - Tá dando errado o e-mail...
    - Que e-mail?? eu não já disse que era pra você ter printado no final ?!
    - E foi? você disse?
    - É, eu disse, você realmente não presta atenção em nada que eu falo.
    - É que eu fiz errado, como é que faz isso ?
    - Meu Deeeus, você não sabe fazer isso? como é que pode?
    Mas logo vinha a sentença dele...
    - Quanto mais você se irrita, mais eu faço por onde você se irritar...
    Quando Sofia falava com ele, o tédio ia embora, pelo menos por um tempo, porque eles mais brigavam do que conversavam... Mas no fundo, eles se gostavam muito. Ou não. Não interessava saber aquilo.
    - Você é minha flor. - disse ele um dia
    Como ele ousou chamá-la de flor? Que pequeno príncipe mal arrumado foi esse?
    - Então é por isso que você gosta de mim? Porque eu sou uma flor? Eu pensei que você gostasse de mim, porque eu sou legal, e eu não porque eu sou uma flor.
    - Mas também.
    - Sabe o que acontecem com as flores? Vem um bode e come.
    Ele não pensou rápido o suficiente pra usar a frase que quase sempre ele diz á toa, quase sem perceber... que as flores de plástico não morrem.
    - Sabe porque eu gosto de você?- perguntou Sofia.
    - Porque?
    - Porque você é legal.
    As vezes ele fazia umas demonstrações de afeto muito engraçadas, ou as vezes ele brigava com Sofia para ela não ficar achando que ele não tinha sentimentos...
    - Minha menina mulher da pele preta!
    É, ele que já tinha provado ser um completo daltônico, e já tinha dito que ela tinha os olhos rosas, e os cabelos azuis, deu-lhe de chamá-la de menina mulher da pele preta.
    E ela deu-lhe de chamá-lo de nerd, como ela nunca imaginou em chamá-lo de branquelo? Falta de oportunidade...
    Foi daí que surgiu uma efêmera grande amizade, entre dois completos desconhecidos... Uma garota irritada, engraçada e convencida... Ele um garoto que gosta de irritar, que ria junto e mais convencido ainda..
    A menina deu de se denominar de Audácia da filombeta. E ele se mostrando ser o culto mais engraçado do mundo passou a ser um cara do livro dos miseráveis de nome quase impronunciável.
    Os dois ainda conversam muito, até hoje. Ele continua chamando ela pra ir lá. Ela continua dizendo que é a mesma distância. Ele continua tendo prazer em irritá-la, ela continua zoando com a cara dele sempre que possível. Ele se convenceu que ama ela, ela já tinha se convencido que amava ele...